quarta-feira, 16 de maio de 2012

VÁ AO BANHEIRO ANTES DE VIAJAR



PASSE em um BANHEIRO ANTES DE VIAJAR ...
Utilidade pública
Virgínia Schall - Colunista do  Portal Uai
Auremar de Castro/Estado de Minas
Algumas vezes uma informação sobre saúde ouvida uma única vez pode ser relembrada por toda a vida, gerando um comportamento preventivo. 
Esse foi o impacto de uma palestra, proferida por um cirurgião de um pronto socorro cujo tema era a ruptura  de bexiga por acidentes automobilísticos.
Após a palestra os banheiros estavam repletos e os comentários sobre ir ao toalete antes de entrar em
um veículo eram enfáticos, demonstrando que o recado fora  ouvido.
Através de dados estatísticos e imagens precisas,  o especialista demonstrou como, num acidente que pode
ser até banal, estando a bexiga cheia, há risco  dela literalmente 'estourar'.
Fatos assim, bem demonstrados, são suficientes para, uma  vez conhecidos, jamais serem esquecidos.
Ao informar a platéia atenta sobre a freqüência de atendimentos de urgência para sutura de bexiga derivadas de acidentes de carro, percebeu-se rumores e olhares de temor no público em  geral.
A causa mais comum das lesões da bexiga é a contusão (golpe externo), a qual ocorre, sobretudo, devido a acidentes automobilísticos, podendo  também decorrer de
quedas ou lesões esportivas.
A maioria das rupturas da bexiga ocorre pelo trauma externo e tem como causa principal a bexiga cheia durante o acidente.
A bexiga cheia de urina absorve o impacto do
golpe externo e não tendo resistência suficiente, explode como um balão de ar.
Através  da fenda que se abre, a urina e o sangue invadem a cavidade peritoneal, onde se encontram os intestinos, podendo provocar uma peritonite química e infecciosa com enorme  dor.
Os principais sintomas são a presença de sangue na urina e a dificuldade de micção.
O diagnóstico precoce é importantíssimo, requerendo
procedimentos radiográficos para delimitar as lesões e avaliar os escapes de  urina.
Portanto, bexiga cheia  e acidentes automobilísticos podem ter sérias conseqüências causando desde internações e até mesmo morte.
As lacerações menores requerem internação, pois será necessário tratamento com sondas uretrais para drenar a urina, o que dura  entre 7 a 10 dias. Nesse
tempo, o tecido da bexiga pode cicatrizar sem intervenção. As lesões maiores com  conseqüente descontrole de sangramento ou o extravasamento de grandes volumes de
urina para os tecidos vizinhos podem exigir uma reparação cirúrgica.
A sutura de bexiga não é um procedimento trivial. Requer  um trabalho delicado em um tecido difícil. Complicações podem ocorrer como inflamação da área suturada e até
infecções hospitalares, não muito raras em  grande parte dos hospitais.
Entre os riscos de uma lesão grave está uma pressão arterial
perigosamente baixa que pode  acarretar choque e morte.
Assim, é sempre bom passar no banheiro e ESVAZIAR A BEXIGA antes de entrar/ montar em  qualquer veículo (automóvel, motocicleta, ônibus, avião etc.), VÁLIDO PARA ADULTOS E CRIANÇAS, pois  se estiver vazia, o risco de rompimento  diminui drasticamente.
Informação dessa natureza deve ser repassada, e aqui
o boca a boca pode salvar vidas.

 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Veja   que belíssima lição da Professora Sandra Cavalcante.
Pena   que nossos ministros da Suprema Corte, que acabaram de decidir pela   constitutionalidade da lei de cotas, não tenham tal conhecimento e   sensibilidade para perceber onde está o erro e apontar para a solução   definitiva: melhorar a educação na rede pública, que aqueles   que não podem pagar frequentam. Mas um dia chegaremos lá.


POBRES ALUNOS, BRANCOS E POBRES...
Sandra Cavalcanti*

Este artigo é de  2009                                 .
Por Sandra Cavalcanti*                                


Entre as lembranças de minha vida, destaco a alegria de lecionar Português e Literatura no Instituto de Educação, no Rio.                          

Começávamos nossa lida, pontualmente, às 7h15.
Sala cheia, as alunas de blusa branca engomada, saia azul, cabelos arrumados.
Eram jovens de todas as camadas.
Filhas de profissionais liberais, de militares, de professores, de empresários, de                           modestíssimos comerciários e bancários.
Elas compunham um quadro muito equilibrado.
Negras, mulatas, bem escuras ou claras, judias, filhas de libaneses e turcos, algumas                           com ascendência japonesa e várias nortistas com a inconfundível mistura de sangue indígena.                          
As brancas também eram diferentes.
Umas tinham ares lusos, outras pareciam italianas.
Enfim, um pequeno Brasil em cada  sala.Todas estavam ali por mérito!                          
O concurso para entrar no Instituto de Educação era famoso pelo rigor e pelo alto nível de exigências.
Na verdade, era um concurso para a carreira de magistério do primeiro grau, com                           nomeação garantida ao fim dos sete anos.                          
Nunca, jamais, em qualquer tempo, alguma delas teve esse direito, conseguido por mérito,                  contestado por conta da cor de sua pele!                          
Essa estapafúrdia discriminação  nunca passou pela cabeça de nenhum político, nem mesmo              quando o País viveu os difíceis tempos do governo  autoritário.
Estes dias compareci  aos festejos de uma de minhas turmas, numa linda missa na antiga Sé,  já completamente restaurada e deslumbrante.
Eram os 50 anos da formatura delas!
Lá estavam as minhas normalistas, agora alegres senhoras, muitas vovós, algumas aposentadas, outras ainda não.                          
Lá estavam elas, muito felizes.
Lindas mulatas de olhos verdes.  Brancas de cabelos pintados de louro. Negras elegantérrimas, esguias e belas. Judias com aquele  ruivo típico. E as nortistas, com seu jeito de indias.
Na minha opinião, as mais bem  conservadas.
Lá pelas tantas,  a conversa recaiu sobre essa escandalosa mania de cotas raciais.
Todas contra! Como experimentadas  professoras, fizeram a análise certa.
Estabelecer igualdade com base na cor da pele?
A raiz do problema é bem outra.                          
Onde é que já se viu isso?                          
Se melhorassem  de fato as condições de trabalho do ensino de primeiro e segundo graus na rede pública, ninguém estaria  pleiteando esse absurdo.
Uma das minhas alunas hoje é titular na Uerj. Outra é desembargadora. Várias são ainda diretoras de escola. Duas promotoras.                          
As cores, muitas. As brancas não parecem arianas. Nem se pode dizer que todas as                           mulatas são negras.
Afinal, o Brasil é assim. A nossa  mestiçagem aconteceu.
O País não tem dialetos, falamos todos a mesma língua. Não há repressão religiosa.
A Constituição  determina que todos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza!
Portanto, é inconstitucional querer separar brasileiros pela cor da pele.                          
Isso é racismo! E racismo é  crime inafiançável e imprescritível.                          
Perguntei:  qual é o problema, então?
É simples, mas é difícil.
A população pobre do País não está   tendo governos capazes de diminuir a distância                           econômica entre ela e os mais ricos. Com isso se instala a desigualdade na hora da largada. Os mais ricos estudam em colégios particulares caros. Fazem cursinhos caros.  Passam nos vestibulares para as universidades públicas e estudam de graça, isto é, à custa dos impostos pagos  pelos brasileiros, ricos e pobres.                          
Os mais pobres estudam em escolas públicas, sempre tratadas como investimentos secundários, mal instaladas, mal  equipadas, mal cuidadas, com magistério mal pago e sem  estímulos.Quem viveu no   governo Carlos Lacerda se lembra ainda de como o magistério público do ensino básico era bem    considerado, respeitado e remunerado.                          
Hoje, com a cidade do Rio de Janeiro devastada após a administração de Leonel Brizola, com suas favelas e seus moradores entregues ao tráfico e à corrupção, e com a visão equivocada de que um sistema de ensino depende de prédios e de arquitetos,  nunca a educação dos mais pobres caiu a um nível tão baixo.                          
Achar que os únicos prejudicados por esta visão populista do processo educativo são os negros é uma farsa. Não é  verdade.  Todos os pobres são prejudicados:  os brancos pobres, os negros pobres, os mulatos pobres, os judeus pobres, os índios pobres!                          
Quem quiser sanar esta  injustiça deve pensar na população pobre do País, não na cor da pele dos alunos.
Tratem de investir  de verdade no ensino público básico.
Melhorar o nível do magistério. Retornar aos cursos normais.                          
Acabar com essa história de exigir diploma de curso de Pedagogia para ensinar no                           primeiro grau. Pagar de forma justa aos professores,  de acordo com o grau de dificuldades reais que eles têm de enfrentar para dar as suas aulas.  Nada pode ser sovieticamente uniformizado. Não  dá.

Para aflição nossa, o projeto  que o Senado vai discutir é um barbaridade do ponto de                           vista constitucional, além de errar o alvo.
Se desejam que os alunos pobres, de todos os matizes, disputem em condições de                           igualdade com os ricos, melhorem a qualidade do ensino público.
Economizem os gastos em propaganda.
Cortem as mordomias federais, as estaduais e as municipais.                          
Impeçam a corrupção. Invistam  nos professores e nas escolas públicas de ensino                           básico.

O exemplo do esporte está aí:  viram algum jovem atleta, corredor, negro ou não, bem                      alimentado, bem treinado e bem qualificado, precisar  que lhe dêem distâncias menores e coloquem a fita de chegada mais perto?   É claro que não. É na largada que se consagra a igualdade.
Os pobres precisam de igualdade de condições na largada.
Foi isso o que as minhas  normalistas me disseram na festa dos seus 50 anos de                           magistério!
Com elas, foi assim.                          

*Sandra Cavalcanti, professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, secretária de Serviços Sociais no  governo Carlos Lacerda, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo   Branco.